quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O lamento de um animal

Sabei vós e àqueles que nada sabem,
Que neste tão belo e singular planeta,
Nem o dia nem à noite, nem o amanhã,
Terão lugar para mim em seu gentil seio.
E a minha vida desliza fugidia e rápida,
Qual areia que se derrama numa ampulheta.
Sou filho do nada e da desolação,
E sou criado apenas para ser comido,
Para ser devorado e banqueteado,
Sem qualquer respeito ou consideração.
Minha carne ainda fresca,
Levada de um lado ao outro
Banha-se no sangue da decepção.
E o ódio,
Que inexplicavelmente meus algozes
Lançam sobre minha cabeça,
Consuma-se na divisão do meu corpo,
Na venda da minha carne, pele e entranhas,
Servindo de banquete abundante ao rico
Ou de escassas sobras ao pobre.
Entre diálogos e risos descontraídos,
Minha carne é digerida em pleno sucinto,
Enquanto minha alma chora desconsolada,
Perdoando esta hora memorável e sagrada,
Que brindo ainda com dor ao homem faminto.
Ainda que tivesse o dom da palavra,
Muito embora, eu não seria poupado.
Pois o meu cruel abate ninguém o vê,
O meu destino, já estava consumado.
E por detrás de uma elegante vitrina
Minha carne oferecida jaz em exposição,
Quiçá compre Maria e quiçá me coma João.
Para mim...
Não haverá desculpas, não haverá perdão.
Então,
Minha alma solitária e perdida,
Vaga no limbo frio da decepção,
Não consigo entender nada!
A vida de mim foi brutalmente tirada,
Para satisfazer o prazer supérfluo da fome,
Daquele,
Que eu pensava ser o meu DEUS.
O Deus-Homem!
Ele que possui todos os meios possíveis,
O Rei da criação e da soberba inteligência,
Possuindo todas as terras para semear,
Preferiu comer a minha carne subjugando-a,
Em lugar da minha fiel ajuda e complacência.
E não tenho ninguém quem me defenda!
Queria meu pai e minha mãe ao meu lado,
Mas deles, fui precocemente separado,
Tornando-me órfão ainda tão mancebo,
Sendo criado pelas mãos do Deus-homem
Conheci apenas o chicote, os gritos e o medo.
Se o meu Deus é o Homem,
Então porque ele me come?
Por que dilacera a minha carne,
E vende as minhas entranhas?
A única coisa que eu sei fazer,
É viver, comer, amar e obedecer,
No entanto, sou brutalmente ultrajado,
Por quem eu mais amo e respeito.
Serei sacrificado e torturado até morte.
Meus irmãos me dizem que é por dinheiro,
Outros me dizem que essa é a nossa sorte.
Para mim não há esperança nem alento,
Pois assim é o meu destino: ingrato e violento!
Por favor, Deus-homem.
Tenha por nós animais,
Consideração, amor e piedade!
Terminem com essa crueldade.
Por que eu também tenho uma alma,
Possuo coração, músculos e nervos.
E nestas condições,
Cabe aqui uma agravante:
Sinto dores, passo frio e fome,
Mas não devoro o meu semelhante,
E não carrego nos olhos a impiedade!

Nota do autor
(-)Quando o Deus-homem finalmente,
Preservar e proteger as espécies animais,
Não haverá mais guerras nem injustiças.
E o amor prevalecerá como um Todo.
E uma atmosfera de Luz, Paz e Amor
Cobrirá o planeta Terra e os seus habitantes.
Habitue-se a não comer carne.
Comece hoje!
E muito em breve este hábito será esquecido.
E os nossos filhos, poderão viver em um mundo mais humano e amoroso,
Sem guerras, sem ódio, sem vinganças, sem mentiras.

Hassin Ghannam

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